A Casa do Acantonamento recebe, neste fim de semana, 40 alunos da Escola Municipal Anita Merhy Gaertner. Com atividades de educação ambiental, bolo e parabéns, eles vão comemorar os 322 anos de Curitiba e o 33º aniversário do Zoológico. O grupo, formado por alunos da 5ª série, participará de uma programação que inclui percursos por trilhas interpretativa e noturna, atividades de horta e pomar, visita orientada ao zoológico, plantio de árvores nativas, alimentação saudável e cerimonial cívico.
Acompanhadas por dois professores e uma equipe de apoio da escola, as crianças chegarão ao local às 9 horas do sábado, dia 28, e permanecerão até as 17 horas do domingo, dia 29. Esta será a quinta vez que a escola Anita Marhy Gaertner leva seus alunos à Casa do Acantonamento, local onde funciona um programa de educação ambiental de Curitiba e que tem o zoológico como cenário de atividades.
A professora Maria Elizabeth Batalha, que acompanhará as crianças pela terceira vez, destaca que a Casa do Acantonamento é um laboratório de práticas que proporciona oportunidade de consolidar o aprendizado dos conteúdos teóricos trabalhados na escola sobre as questões ambientais. Segundo ela, isso se reflete no comportamento na escola, na hora de separar o lixo, de usar a água e na forma como esses alunos se empenham em compartilhar suas experiências com colegas e com as famílias.
A pedagoga Patrícia Franck relata que a educação ambiental permeia todas as disciplinas do currículo escolar e que é dada ênfase nesse conteúdo para preparar os alunos para a visita ao zoológico. Para Patrícia, é lá que esses conhecimentos são contextualizados e ganham significado. “Tanto para os professores como para as crianças, existe um antes e um depois das experiências vividas na Casa do Acantonamento. É um aprendizado para a vida e o que se vivencia ali desperta um senso de respeito verdadeiro pela natureza”, diz Patrícia.
Educação Ambiental
O Zoológico foi entregue 1982 como presente de aniversário à cidade. Hoje, com 33 anos, inova e dá exemplo ao firmar o conceito de re-zoológico, cumprindo a função de ser espaço de referência em educação ambiental, trabalho que ganhou força com a criação da Casa do Acantonamento, há 23 anos.
“A casa foi pensada para aproximar o ser humano urbano da natureza, sensibilizar e criar uma cultura de respeito aos animais e atitude responsável no uso dos recursos naturais”, explica Cláudia Bosa, coordenadora da instituição. Ela chama a atenção para a importância da iniciativa que só existe em Curitiba: “a Casa do Acantonamento é um espaço de educação ambiental único no mundo e o mais antigo programa instituído pela Prefeitura com essa finalidade” enfatiza.
Atividades
O movimento na Casa do Acantonamento é intenso todo fim de semana e, nessas mais de duas décadas, quase 31 mil estudantes e 5 mil professores de 773 instituições de ensino dedicaram um sábado e um domingo ao estudo sobre dos fenômenos da natureza e os habitantes de diferentes ecossistemas.
Conforme os registros da Casa, até agora 82,4% dos atendimentos foram prestados a escolas da rede municipal de ensino de Curitiba e de programas específicos de apoio à escolarização formal, como Pia Ambiental, Fundação de Ação Social e Projeto ECOS. São atendidos, também, alunos de escolas estaduais e particulares de Curitiba e instituições de ensino de outras cidades, além de grupos de escoteiros e de vários segmentos.
Na Casa do Acantonamento atua uma equipe formada por dois biólogos, um educador físico e uma pedagoga, além de seis estagiários de biologia. “A experiência do acantonamento já deixou marcas positivas em muitas crianças que passaram por aqui”, diz Cláudia. Segundo ela, pelo menos seis estagiários do curso de Biologia que fazem ou fizeram parte da equipe começaram a definir suas escolhas profissionais a partir do fim de semana em que pernoitaram na Casa do Acantonamento quando crianças.
Um deles é o atual superintendente da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, o biólogo Rafael Rolim de Moura. Ele conheceu a Casa do Acantonamento ainda menino, acompanhando turmas de alunos do CMEI David Carneiro, onde sua mãe era professora. “As experiências na Casa foram fundamentais na escolha da minha carreira”, conta ele. Na 6ª série, influenciado por colegas e familiares, entrou para o Colégio da Polícia Militar, com o propósito de se tornar policial. Desistiu da ideia no segundo ano do ensino médio para fazer Biologia. Foi na época do acantonamento que ele descobriu o que era e o que fazia um biólogo. “Ficou marcado mim e, então, fiz o que o coração pediu”, diz Rafael.