Mudar de vida com uma nova profissão é o objetivo dos 22 participantes da quinta turma do curso Gastronomia Sustentável, que acontece na sede da Electrolux, na CIC. O curso é uma parceria da Electrolux com a Sodexo (empresa mundial do setor de alimentação) e sua entidade sem fins lucrativos Stop Hunger, a Aiesec (agência global para formação de jovens lideranças), World Chefs (rede mundial de associações de chefes de cozinha) e Fundação de Ação Social - FAS Trabalho.
Com esta turma chega a 93 o número de alunos encaminhados pelos Centros de Referência da Assistência Social (Cras) para o curso Gastronomia Sustentável. Eles saem do curso habilitados a atuar como auxiliares de cozinha.
Mãe de um bebê de 2 anos, a desempregada Mayara Andrade Cardoso caminha pelo menos uma hora, todos os dias, para ir e voltar da cozinha experimental da Electrolux, onde acontecem as 108 horas de aulas com chefes de cozinha atuantes na cidade. Desempregada, ela não tem dinheiro para o ônibus.
Ficou sabendo sobre o curso há cerca de um mês, quando foi até o Cras Nossa Senhora da Luz para pedir uma cesta básica. Os Cras são as unidades de atendimento social básico da FAS que encaminham interessados para o curso. “Já tive a oportunidade de trabalhar como auxiliar de cozinha e gostei. Posso crescer na área se estiver melhor preparada e é isso que eu busco aqui”, contou Mayara.
Vida nova
É o que está acontecendo com o paraense Feliciano Raiol Correa, formado na turma anterior. Radicado em Curitiba com a mulher há quatro anos, ele começou a realizar seu sonho de trabalhar no ramo de carnes assadas tão logo pegou o certificado, no final do ano passado.
Imediatamente, Feliciano deixou a função de instalador de telas em altura e começou a trabalhar como ajudante de cozinha em um restaurante do polo gastronômico Mercado Sal, no Portão, onde prepara grelhados. “Não fosse o curso, não conseguiria isso tão rápido. Valeu demais ter feito. Estou me estabilizando e já dá pra me manter”, contou. A meta, agora, é fazer faculdade na área.
Formada na primeira turma, a ex-cobradora de ônibus Graziele Regina Ferreira dos Santos abriu a lanchonete Grazi Lanches há cerca de três meses. O local é uma microempresa individual que funciona no mesmo endereço onde mora, na Vila Verde. “Meu marido está apoiando o meu sonho e investiu dinheiro aqui”, conta a jovem empreendedora, que estava desempregada.
É ela quem prepara parte dos itens que serve no pequeno estabelecimento. O que não consegue executar, compra de fornecedores fixos. “Já dá pra pagar algumas despesas de casa e agora, com a volta às aulas, o movimento vai melhorar”, diz Graziele, que aponta outra vantagem na saída encontrada para o desemprego: estando ao lado de casa, consegue ficar perto das duas filhas menores, de 12 e 8 anos, além de economizar o dinheiro do transporte com deslocamentos para o trabalho. O objetivo, agora, é se aprimorar. “Assim que der, quero fazer um curso de confeiteira”, conclui.
Além de cozinhar
Além de receberem aulas práticas sobre técnicas de preparo de alimentos e todas as etapas de elaboração de pratos doces e salgados, os alunos passam pelas oficinas do FAS Mobiliza, que têm como objetivo o desenvolvimento de habilidades e competências para o mundo do trabalho com foco no aperfeiçoamento comportamental.
“É uma estratégia para contextualizar os grupos de alunos sobre o que eles devem considerar para se desenvolver na área, além de dominar os fundamentos da gastronomia”, explica o técnico de referência para o mundo do trabalho no Núcleo da FAS na CIC, José Ronaldo de Avellar Júnior.