Dirigir um táxi é uma rotina antiga para Egon Schmidt, taxista desde 1997. Mas nessa quinta-feira (17) a atividade foi realizada com mais orgulho. Egon continuou dirigindo um táxi, mas dessa vez como motorista titular, com carro próprio e licença do Município para trabalhar com o táxi nº 441 pelos próximos 35 anos.
“É uma felicidade”, resumiu, enquanto se preparava para começar a trabalhar, por volta das 13 horas, no ponto de táxi da Avenida João Gualberto, próximo ao hospital São Lucas. “Vou continuar trabalhando muito, mas agora com a minha ferramenta de trabalho, com o meu carro, sem precisar pagar para dirigir. Estou fazendo o que sempre fiz, mas a situação é outra e muito, muito melhor”.
Schmidt foi um dos 11 novos taxistas que na quarta-feira (16) receberam a outorga para serviço de táxi, concedida pelo Município através de licitação, entregue pelo prefeito Gustavo Fruet. “Há muito tempo sonho com esse momento, e será um benefício não somente para mim, mas para a população de Curitiba que precisava mesmo desse aumento da frota”.
A frota que até esta quarta-feira tinha 2.252 veículos, ganhou mais um táxi nesta quinta-feira e, até o fim de maio, terá mais 750 táxis, a maioria deles (640) com previsão de iniciar operação nas ruas até o fim desse mês ou início de maio. Egon conta que se preparou para começar a trabalhar assim que recebesse a autorização da Urbs.
Comprou carro novo , fez a plotagem, deu entrada nos documentos necessários para o cadastro, mandou instalar o GNV (Gás Natural Veicular) e, na quarta-feira mesmo fez a aferição do taxímetro. Nesta quinta pela manhã encaminhou os documentos necessários ao emplacamento (placa vermelha, comercial) junto ao Detran e, com a licença colada no vidro - o que lhe dá direito a trafegar enquanto aguarda a liberação da placa -, parou para um lanche rápido na hora do almoço e foi para o ponto esperar o primeiro cliente.
“Estou até curioso para saber quem será o primeiro cliente do primeiro táxi a circular em Curitiba depois de quase 40 anos”, confessou ao sair da Urbs, pelo meio da manhã, com toda a documentação que necessitava. O cliente receberia o comprovante de pagamento na impressora acoplada ao taxímetro, equipamento que passa a ser obrigatório no serviço de táxi de Curitiba.
Pressa
Os 640 novos taxistas que já passaram pela licitação, têm pressa em começar a trabalhar. Nesta semana, o movimento de taxistas na Urbs foi intenso, a grande maioria para checar a documentação, retornando na sequência com certidões atualizadas e outros documentos e declarações previstos no edital de licitação – entre eles, o certificado de conclusão do curso obrigatório – Taxitur – ministrado pelo SEST/SENAT, o Serviço Nacional do Transporte. Até esta quinta-feira pela manhã, em torno de 150 novos taxistas já haviam dado entrada no pedido de cadastro na Urbs.
Antonio Arilo Santana, de 72 anos, também não perdeu tempo. Mesmo antes da chegada do carro zero, o que deve acontecer nos próximos dias, procurou a Urbs e garantiu sua outorga apresentando toda a documentação exigida para o cadastramento. Agora é só o tempo de o carro chegar, fazer a plotagem e liberar o taxímetro para sair às ruas no próprio táxi. “Lutei por isso, não vou perder um minuto”, garante. “O povo de Curitiba estava pedindo mais táxis, foi uma coisa muito boa o Município ter feito a licitação e todos nós queremos começar a trabalhar com nossos táxis o quanto antes”, diz ele, que é taxista colaborador desde 2002.
Mais emprego
A ampliação da frota de táxi está movimentando o mercado – com a compra de novos carros, plotagem, instalação de equipamentos obrigatórios - e gerando novos empregos, uma vez que cada taxista pode inscrever até dois motoristas colaboradores. Por outro lado, os taxistas colaboradores que venceram a licitação terão que ser substituídos, abrindo novas vagas na profissão.
Egon Schmidt, por exemplo, decidiu que vai ter pelo menos um motorista colaborador. “Ainda não tenho ninguém, por enquanto vou tocando sozinho, mas com certeza vou precisar do colaborador”. Ele lembra que o regulamento que entrou em vigor no ano passado, determina que o táxi esteja em operação por no mínimo 12 horas por dia; e que toda a frota tem que estar em serviço nos horários de pico definidos pelo decreto.
Reconhecida pelos próprios taxistas como o maior avanço no setor desde a criação do serviço de táxi em Curitiba, a licitação para ampliação da frota de táxi foi também a maior da história da cidade em número de participantes. O processo foi aberto em dezembro com 2.147 licitantes e, destes, 1.919 foram aprovados na proposta técnica. Os primeiros 750 classificados na proposta técnica que tiverem sua documentação aprovada pela comissão de licitação e em seguida pelo cadastramento, serão os novos taxistas titulares da cidade.