Os 640 novos taxistas que passaram pela licitação têm pressa de começar a trabalhar. Nesta semana, o movimento de taxistas na Urbs foi intenso: até esta quinta-feira (17) pela manhã, em torno de 150 novos taxistas haviam dado entrada no pedido de cadastro na Urbs. Esta é a primeira vez, desde 1975, que o Município amplia a frota de táxi, mantida, desde então com 2.252 veículos. Na década de 70, a frota era formada por fuscas.
A grande maioria está passando pela Urbs para checar a documentação, retornando na sequência com certidões atualizadas e outros documentos e declarações previstos no edital de licitação – entre eles, o certificado de conclusão do curso obrigatório – Taxitur – ministrado pelo SEST/SENAT, o Serviço Nacional do Transporte.
Nesta quarta-feira (16), de forma simbólica, 11 novos taxistas receberam a outorga para serviço de táxi, concedida pelo Município, entregue pelo prefeito Gustavo Fruet. Com o documento em mãos, estão liberados para fazer o emplacamento do carro, solicitar a instalação e aferição do taxímetro pelo Instituto de Pesos e Medidas (Ipem) e começar a trabalhar.
Reconhecida pelos próprios taxistas como o maior avanço no setor desde a criação do serviço de táxi em Curitiba, a licitação para ampliação da frota do serviço foi também a maior da história da cidade em número de participantes. O processo foi aberto em dezembro com 2.147 licitantes e, destes, 1.919 foram aprovados na proposta técnica. Os primeiros 750 classificados na proposta técnica que tiverem sua documentação aprovada pela comissão de licitação e em seguida pelo cadastramento, serão os novos taxistas titulares da cidade.
Lenda da loira fantasma
O serviço de táxi foi regulamentado em Curitiba em 1970, quando passou a ser gerenciado pelo Município. Constituída em sua maioria, até então, pelos antigos fuscas, a frota foi padronizada em 1972, quando ganhou as características que mantém até hoje – carro na cor laranja com quadriculado preto. As últimas licenças para operação no sistema foram dadas pelo município em 1975,quando se chegou ao total de 2.252 táxis, o mesmo número que vigorava até esta quarta-feira.
Naquele tempo, contam os taxistas mais antigos, os motoristas tiravam o banco da frente, para facilitar a entrada do passageiro, uma vez que carro quatro portas era um luxo para poucos. Para facilitar a vida do motorista, um fio de barbante ou de nylon ficava amarrado na porta para ser puxado pelo motorista que, assim, não precisava desembarcar ou se esticar por cima das pernas do freguês para fechar a porta do passageiro.
Foi nesta época que surgiu, em Curitiba, a lenda da loura fantasma, que das rodas de taxistas saltou para os jornais e para o dia a dia da cidade. A loira, dizia a lenda, era uma mulher muito bonita, que pegava táxi em vários pontos da cidade, mas quando chegava perto de um cemitério simplesmente sumia.
A história, que teria sido inventada por um taxista, se espalhou como pólvora e relatos de taxistas que tinham transportado um fantasma alimentaram manchetes e o imaginário popular. Mulheres louras chegavam a reclamar da dificuldade de conseguir um táxi, principalmente à noite, porque os profissionais do volante dos velhos fuscas tinham medo de que elas pudessem ser fantasmas.
Naquele tempo, Curitiba tinha em torno de 500 mil habitantes e a Região Metropolitana chegava perto de 1 milhão de habitantes, uma realidade bem diferente da atual, quando a população da região, medida no censo de 2010, passa de 3,2 milhões de habitantes.
Também as demandas da cidade são outras e bem diferentes daquelas do tempo dos carros de praça que depois viriam a ser os táxis padronizados, uma novidade no Brasil de então. Hoje Curitiba é um dos mais fortes polos de atração do país e tem no entorno, algumas das cidades com os maiores índices de arrecadação e geração de emprego do estado, como Araucária e São José dos Pinhais.
A Curitiba dos carros de praça que davam conta do recado ficou para trás. “O grande desafio agora é garantir a mobilidade, fator essencial à qualidade de vida dos quase 1,8 milhão de habitantes. E os novos táxis vão ser fundamentais neste processo”, disse o prefeito Gustavo Fruet.