Um ano e meio separa dois períodos bem diferentes da vida da dona de casa Luzinete de Souza, 57 anos. Nesta terça-feira (21/1), ela visitou a casa em que irá morar na Vila Divino, no bairro do Atuba. A nova residência é uma entre as 108 que irão abrigar famílias beneficiadas pelo trabalho da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) no local. A área está sendo transformada por um projeto de urbanização e reassentamento financiado com recursos da Prefeitura de Curitiba.
A casa onde Luzinete vai morar com o marido, Givaldo Santos da Silva, 58 anos, coincidentemente, foi construída exatamente no mesmo local onde eles ergueram, em 2013, a frágil habitação de madeira na qual viveram por mais de uma década, até julho de 2023. Apesar de a paisagem estar totalmente transformada, ela reconheceu o local ao avistar uma árvore que foi preservada no projeto.
“Quando entrei na casa, olhei pela janela e vi a árvore. Quase não acreditei, mas tive certeza que era o mesmo lugar. Justamente a árvore onde eu subia para enxergar se o rio estava enchendo quando começava a chover. Foram anos de muita dificuldade com os alagamentos e agora voltamos para o mesmo ponto, mas com uma realidade diferente, uma casa maravilhosa e segura”, conta emocionada.
Auxílio-moradia
Com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da comunidade e ao mesmo tempo manter seus vínculos com o território, o projeto previu a construção das novas casas na mesma vila, porém em locais sem restrições habitacionais, respeitando a área de preservação e com obras de pavimentação, redes de drenagem, água e esgoto.
Para a abertura do canteiro de obras, as famílias foram transferidas provisoriamente e estão recebendo auxílio-moradia até que as casas definitivas estejam prontas. Caso da Luzinete, que há um ano e meio aluga um imóvel nas proximidades graças ao benefício pago pela Cohab.
A definição de qual unidade seria destinada para cada um dos beneficiados aconteceu por sorteio entre as 108 famílias, o que torna ainda mais surpreendente a localização da casa nova de Luzinete e Givaldo ser a mesma da moradia precária onde viviam.
Fase final
Do total de novas casas do projeto, 72 estão em fase final de construção e deverão ser entregues nos próximos meses. Todas elas já contam com paineis fotovoltaicos instalados, equipamentos que captam a radiação solar e transformam em energia elétrica para uso doméstico, gerando economia financeira para as famílias ao mesmo tempo em que colaboram com o meio ambiente, ao utilizar uma energia não poluente e renovável.
O projeto representa investimentos de R$ 23,9 milhões - recursos do orçamento municipal. O conjunto será formado por três condomínios de 36 casas cada um, com dois quartos e área privativa de 45 m².
“Além de buscar investimentos para iniciarmos novas construções, estamos dando agilidade aos projetos que estão em andamento, para que mais famílias conquistem a casa própria, sonho que está cada vez mais próximo para a comunidade da Vila Divino”, destaca o presidente da Cohab, André Baú.
Localizada sob torre de alta-tensão nas margens do Rio Atuba, a Vila Divino surgiu há mais de dez anos. Os moradores não contam com saneamento, drenagem de águas pluviais, energia elétrica nem pavimentação de ruas. O projeto da Prefeitura vai resolver os problemas da comunidade e garantir mais dignidade aos moradores.
“Sempre digo que a casa própria é o primeiro passo para a dignidade da família. Habitação de interesse social está entre as prioridades da minha gestão. Trabalharemos em diferentes frentes para assegurar lares confortáveis e seguros para a população que necessita”, salienta o prefeito Eduardo Pimentel.
Orgulho em vez de vergonha
Enquanto imaginava os novos móveis e plantas que pretende colocar na casa, Luzinete relembrou as vezes que teve vergonha de chamar os parentes para a sua moradia em situação de vulnerabilidade. “A gente vivia na lama, sempre tive vergonha de convidar os filhos e netos. Mas agora, o sentimento é outro, de orgulho e felicidade. Não vejo a hora de mudar e receber muitas visitas”, diz ela.