Em audiência pública on-line com quase cinco horas de duração, a secretária municipal da Saúde de Curitiba, Márcia Huçulak, e a equipe técnica e diretiva da secretaria prestaram contas aos vereadores, conforme o previsto na lei complementar federal 141/2012.
Além da apresentação do relatório referente ao primeiro quadrimestre de 2021, a equipe exibiu um panorama atual da pandemia no município e, em seguida, os vereadores puderam fazer questionamentos, dar sugestões e tirar dúvidas.
Márcia destacou a complexidade da pandemia e a necessidade de um trabalho conjunto, de toda a sociedade, para a cidade transpor essa fase de dificuldades.
“Estamos lidando com um vírus que derrubou o mundo. É um vírus respiratório que exige máscara e distanciamento. Faço um apelo para todos nos ajudarem. Só vamos vencer o vírus juntos”, disse Márcia.
Márcia ressaltou o caráter desafiador do momento e reforçou a pertinência das medidas que vêm sendo tomadas pelo município. “Estamos num momento muito difícil e desafiador. Nenhum órgão de controle encontrou nada que desabonasse nossa conduta”, afirmou.
Veja a seguir alguns dos principais assuntos abordados durante a audiência.
Medidas restritivas
O diretor do Centro de Epidemiologia da SMS, Alcides Oliveira, apresentou os gráficos que demonstram o recrudescimento da pandemia em Curitiba e a iminência de uma quarta onda. De acordo com os dados exibidos, as medidas mais restritivas foram eficazes em ondas anteriores para que houvesse uma diminuição da transmissão e do número de novos casos, freando a disseminação do vírus.
“As medidas são eficazes. Quando temos diminuição dos deslocamentos, temos uma queda mais expressiva dos casos”, disse Oliveira. “Mas é preciso o engajamento e participação de todos. O problema é de todos. Precisamos de medidas articuladas e orquestradas”, ponderou.
Oliveira completou: “A pandemia não acabou. É preciso que se mude o comportamento humano.”
Região Metropolitana
Márcia Huçulak também ponderou que o objetivo das medidas mais restritivas em determinado momento de picos da pandemia é fazer com que as pessoas circulem menos pela cidade. Dessa forma, diminui-se os casos de acidentes e traumas, situações que levam muita gente para os hospitais e pronto socorros, sobrecarregando um sistema que precisa atender o elevado número de casos de covid.
Estas medidas, segundo a secretária, atualmente não vêm encontrando respaldo nas administrações dos municípios da região metropolitana, que permanecem com comércio funcionando com menos restrições que a capital. Com isso, os casos de trauma de pacientes oriundos da região metropolitana permanecem altos e estes pacientes acabam sendo atendidos na capital.
“Faço um apelo à região metropolitana. O paciente que quebra uma perna lá é atendido aqui. Estamos sobrecarregados”, afirmou Márcia.
Enquanto Curitiba criou 525 novos leitos de UTI covid e 726 leitos de enfermaria exclusivos para covid, hospitais da região metropolitana apenas converteram antigos leitos para o atendimento de covid. Com isso, os pacientes de trauma da região metropolitana atualmente sobrecarregam ainda mais os pronto-socorros da capital.
Neurobloqueadores
Os vereadores questionaram a secretária sobre a falta de medicamentos para intubação de pacientes com covid-19. Segundo Márcia, não há falta, mas alguns medicamentos, como bloqueadores neuromusculares, encontram-se com estoque em nível crítico.
De acordo com a secretária, a SMS realizou compras emergenciais e tem cobrado os fornecedores. A alta demanda destes insumos em todo o mundo, porém, tem trazido pressão para este mercado globalmente.
Por este motivo, segundo ela, a secretaria tem trabalhado com ajustes no protocolo para que outras drogas também possam ser usadas com o mesmo fim, sem perder eficácia e segurança, otimizando os medicamentos disponíveis e repondo, de acordo com a demanda.
A SMS aguarda, inclusive, o desembaraço de uma compra internacional realizada de um fornecedor da Índia há mais de um mês. Os produtos já estão em São José dos Pinhais, aguardando a liberação por parte da Anvisa.
O diretor do departamento de urgência e emergência, Pedro Almeida, esclareceu, ainda, que a contenção mecânica de pacientes intubados faz parte do protocolo de manejo clínico, para evitar extubação acidental, se eventualmente ocorrer de a sedação diminuir de intensidade em algum momento. Não está ligada, portanto, à falta destes medicamentos.
Testagem rápida
A SMS anunciou que passará a fazer o teste de antígeno, um teste rápido cujo resultado sai em 15 minutos, para a população entre 18 e 40 anos, com sintomas respiratórios e que trabalha ou estuda fora. O objetivo é reforçar as medidas de isolamento social imediatamente para aqueles indivíduos com exame positivo.
Serão testados, adicionalmente, com o mesmo método os contatos domiciliares dos casos positivos, que estiverem na mesma faixa etária e exercerem atividades fora de casa.
Vacinação
Com o avanço da vacinação contra o covid-19, dados da SMS mostram que houve uma redução de 80% nos internamentos das pessoas com 80 anos ou mais e diminuição de 17% com 70 anos ou mais.
Já entre o público de 50 a 59 anos, que ainda não foi contemplado pelo Plano Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, houve um aumento de 30% no número de internamentos.