“Fez toda a diferença entre ficar na escola ou desistir de estudar. Não fosse por esta sala para as crianças, nós não teríamos com quem deixar nossas filhas”. A afirmação é do pai Duvanel Mendes Carvalho, 38 anos, estudante da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na escola Enéas Faria, no bairro Cajuru.
Ele e a esposa Flávia estão completando os estudos na unidade e só podem estudar à noite graças à sala de acolhimento oferecida pela escola, onde ficam as crianças dos pais, mães e responsáveis que estão na EJA.
“Voltei a estudar este ano, quero muito completar o Ensino Fundamental e esta é a oportunidade, assim como para minha esposa. Nossas filhas, de 9 e 6 anos, já estudam aqui, no período integral, e sabemos que ao deixá-las na sala de acolhimento estão envolvidas com atividades interessantes”, conta o pai.
Duvanel Carvalho trabalha em um hospital atualmente e quer terminar os estudos até o final deste ano. “Precisamos de estudo e qualificação, nunca se sabe o dia de amanhã, posso precisar trabalhar em outro lugar. Estudar é muito importante, tenho família e estamos dando o exemplo para as crianças”, completa ele.
A diretora da unidade, Karina Contin, explica que o espaço permite tranquilidade e conforto para as mães que amamentam, além de proporcionar um ambiente seguro e estimulante às crianças que precisam aguardar pelos responsáveis que estão em sala de aula.
“Fizemos um trabalho de aproximação com as famílias aqui da comunidade, o que nos ajudou a reduzir, e muito, a evasão e as faltas, tanto de crianças quanto dos adultos da EJA”, disse Karina.
“Vamos na casa da família para ver o que está acontecendo, por que não veio, qual é o problema. E, especificamente na EJA, esta sala permite que os responsáveis fiquem tranquilos e prestem atenção em sala de aula porque sabem que seus pequenos estão em segurança e bem cuidados”, completou a diretora.
A rede municipal de ensino tem seis salas de acolhimento voltadas ao público da EJA. Na escola Enéas Faria, a sala funciona há cerca de cinco anos. Na Escola Helena Kolody, no Tatuquara, em funcionamento há quatro anos, o mesmo espaço já tem crianças na fila de espera por vaga.
“A sala de acolhimento é uma política pública que garante o direito ao acesso, permanência e conclusão dos estudos a adultos, sobretudo mulheres que por diversos motivos, inclusive o de não ter com quem deixar seus filhos, não puderam estudar anteriormente”, afirma Isabel Loyola, responsável pela EJA na Secretaria Municipal da Educação.
“Essas salas são espaços lúdicos, de brincadeiras e recreação para filhos e netos de estudantes da EJA permanecerem seguros enquanto seus familiares estão estudando”, definiu Isabel.
Confira as unidades com salas de acolhimento:
Escola Municipal Senador Enéas Faria (Cajuru)
E. M. Rachel Mader (Cajuru)
E. M. Colombo (Boqueirão)
E. M. Dona Pompília (Tatuquara)
E. M. Helena Kolody (Tatuquara)
E. M. Joana Raksa (Tatuquara)