Em Curitiba, o trabalho de separação do material reciclável é realizado por cerca de mil catadores associados ao programa Ecocidadão, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que recebem pelo volume de material recolhido e, mais recentemente, um vale-alimentação para compras nos Armazéns da Família da Prefeitura.
“O trabalho dos catadores diminui a quantidade de material encaminhado ao aterro sanitário, fortalecendo a cadeia de reciclagem e mitigando o impacto das mudanças climáticas”, destaca a diretora do Departamento de Educação Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Leila Maria Zem.
O valor recebido varia de acordo com o material e o estado de limpeza.
Não misture os materiais
A presidente da Associação Reciclamais do Ecocidadão, Marta de Queiroz, ensina como a população pode facilitar o trabalho dos recicladores ao separar o lixo em casa. O principal problema que eles costumam encontrar nos rejeitos encaminhados aos barracões é a presença de material úmido, como é chamado o lixo orgânico, misturado ao reciclável.
Restos de alimentos e outros elementos orgânicos nos descartes causam mau cheiro, atraem animais, como ratos e baratas, e diminuem o valor do material, isso quando não impedem totalmente o processo de reciclagem.
Tire o excesso de alimentos
Evitar essas situações é fácil. Basta descartar rejeitos orgânicos nas lixeiras corretas e retirar o excesso de alimentos da embalagem reciclável. Ela cita o exemplo das garrafas pet. “Às vezes só precisa descartar todo o líquido e passar uma água na garrafa, por exemplo, já faz diferença", afirma. "E separar os orgânicos dos recicláveis fará com que o material chegue seco, facilitando o nosso manuseio e não contaminando o material, para reciclagem isso é muito importante”, explica Marta.
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Marta de Queiroz, presidente da Associação Reciclamais do Ecocidadão
Embale perfurocortantes
Alguns materiais requerem atenção maior para garantir a segurança dos catadores, como vidros e latas de alumínio, que são perfurocortantes e podem causar machucados durante o manuseio.
“A gente sempre usa o EPI (equipamento de proteção individual), mas mesmo assim podem acontecer acidentes. Por isso, é importante que latas, como as de extrato de tomate ou de sardinha, sejam descartadas com a parte cortada empurrada para dentro”, explica a presidente do Reciclamais.
No caso do vidro quebrado, o ideal é embalar antes do descarte. Marta sugere colocar o vidro dentro de garrafas pet, caixas de leite ou de papelão bem-vedadas, para que nenhum caco escape.
Contaminantes
A associada também pede atenção para materiais contaminantes, como medicamentos vencidos, cartelas de remédio, pilhas e eletrodomésticos. O descarte deste tipo de lixo precisa ser realizado com cuidado, pois se feito incorretamente pode contaminar o solo e a água. O ideal é entregar em pontos de coleta específicos, como o caminhão da coleta especial, serviço gratuito da Prefeitura de Curitiba.
Não dá para reciclar
Além dos tóxicos, há outros materiais que possuem na composição elementos que impedem a reciclagem. “A gente não consegue reciclar embalagem de ovo de páscoa dessas de mercado, por exemplo, que chegaram muito nos últimos dias. Assim como pacotes de salgadinho ou de bombom, nesse caso eu até evito consumir esses produtos, porque sei que vão poluir”, contou Marta.
Ecocidadão
A Associação do Ecocidadão Reciclamais, que Marta é preside, fica no Parolin e garante a renda de 18 pessoas atualmente. Separa uma média de 25 bags de 50 quilos de material reciclável por dia.
O programa Ecocidadão existe desde 2007 em Curitiba e remunera de acordo com o valor de material recolhido por cada uma das 50 associações da cidade. Ao todo, as associações realizam a triagem e comercialização de cerca de 3 mil toneladas mensais de resíduos.
Classificação
A Política Nacional de Resíduos Sólidos classifica os rejeitos em cinco categorias
- Orgânicos: restos de alimentos
- Recicláveis: plásticos, papéis, metais e vidros, quando não contaminados
- Não-recicláveis: papel higiênico, fraldas, bitucas de cigarro e embalagens engorduradas
- Especiais: materiais tóxicos, como pilhas e eletrodomésticos sem conserto
- Doações: peças em boas condições e que podem ser utilizadas por outras pessoas.