A Prefeitura iniciou as discussões das medidas de médio prazo do programa Curitiba de Volta ao Centro na tarde desta terça-feira (29/4), na Capela Santa Maria, com o debate sobre soluções das iniciativas pública e privada para criação de novas habitações no bairro. Uma iniciativa concreta foi apresentada: o prefeito Eduardo Pimentel, ao lado do secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação, Paulo Martins, anunciou que a Prefeitura está preparando o primeiro projeto de retrofit no Centro, destinado a habitação de interesse social, que será realizado com recursos do Fundo Municipal de Habitação (FMH), por meio da Companhia de Habitação Popular (Cohab) de Curitiba.
Retrofit é a reforma de edificações antigas, que estão desocupadas, mantendo características originais.
“A Prefeitura lidera o projeto, mas precisamos de todo mundo. Vamos fazer o primeiro projeto de retrofit com verbas do município no Centro e contamos com exemplos como o da revitalização do Hotel Del Rey. É isso que precisamos: de quem está investindo no Centro estar presente (na comissão) para sugerir e cobrar soluções”, destacou o prefeito.
O anúncio foi feito durante a segunda reunião da Comissão de Redesenvolvimento da Região Central de Curitiba. A comissão é formada por representantes de 48 instituições de diferentes setores da sociedade, que se reúnem bimestralmente para discutir e propor projetos e iniciativas urbanas para melhorias no Centro, para que a região volte a ser atrativa para a população, empresas e turistas.
No encontro, o presidente da Cohab Curitiba, André Baú, ressaltou que a Prefeitura está trabalhando em novas habitações de interesse social por toda a cidade, inclusive na região central e o retrofit – reforma de edificações antigas, que estão desocupadas.
Ocupação plena
O prefeito defendeu que, além de novas moradias nos imóveis que estão desocupados e precisam de reformas, é necessário investir na ocupação das edificações que têm moradores, mas estão com unidades vazias.
“Temos de estudar formas de destinar parte dessas estruturas para a habitação social e outra parte para a administração da iniciativa privada”, disse. Na sequência, André Baú moderou o painel Habitação e Moradia Região Central de Curitiba.
Na sessão, três especialistas no tema – os presidentes do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon/PR), Carlos Augusto Emery Cade; do Sindicato da Habitação e Condomínios (Secovi/PR), Ricardo Hirodi Toyofuku; e da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi/PR), Thomas Gomes – compartilharam opiniões sobre o que é necessário para “repovoar” com novos moradores a região central de Curitiba.
Cade reforçou que o mercado imobiliário investe onde há demanda e, portanto, é preciso reforçar os atrativos de morar na região. Toyofuku destacou que é necessário pensar propostas que tragam famílias inteiras para o Centro, perfil que será atraído com aumento da sensação de segurança e pujança do comércio.
Por fim, Gomes usou o mote do filme Campo dos Sonhos: “Construa que eles virão”. Para que as construções atendam as demandas de forma assertiva, completou, o trabalho da Prefeitura em promover o diálogo entre os diferentes setores da sociedade é essencial para direcionar novos projetos.
Cidade de 15 minutos
A presidente da Rede Empresarial do Centro Histórico de Curitiba, Maria Lopes Bonamigo, parabenizou a proposta de criação de moradias de interesse social no Centro, que vai contribuir para que pessoas de mais baixa renda possam morar próximo ao seu local de trabalho, dentro de um conceito de qualidade de vida da “cidade de 15 minutos”.
"Promover a moradia social não é só viável, mas necessário. Tenho uma funcionária que sai do trabalho às 16h e chega em casa às 19h. Olha o tempo que ela perde por morar longe. Se chegasse às 17h, poderia fazer academia, estudar, ter mais qualidade de vida com a família”, falou Maria.
Moradora do bairro e empresária há 17 anos na região, ela emprega 27 pessoas em seu restaurante e uma no seu brechó. A maioria mora nos bairros limítrofes com outros municípios ou na Região Metropolitana.
Avanços e Domingo no Centro
Na reunião, que é realizada a cada dois meses, o vice-prefeito Paulo Martins, que também é presidente da Comissão, ressaltou que, desde o lançamento do programa Curitiba de Volta ao Centro, em 6 de fevereiro, muito já foi feito em diversas áreas, como segurança, ação social, zeladoria, iluminação, calçamento, obras.
“Esse é um desafio nosso, não pode ser visto como desafio da gestão, ele tem que ser um desafio de toda a sociedade. Estamos juntos nisso, cada um com as suas responsabilidades, por isso criamos esse formato de trabalho conjunto. Muita coisa já foi feita, muita coisa já está encaminhada, o prefeito citou várias ações dela aqui, mas vamos avançar mais”, disse Martins.
Praça Osório
Entre as ações previstas, a Prefeitura deve iniciar um anteprojeto para a revitalização da Praça Osório, disse o prefeito, e nas próximas semanas pretende lançar um edital para que a iniciativa privada possa patrocinar as ações culturais e de lazer do Domingo no Centro, para que possam ser realizadas mais de uma vez por mês. “É um momento de felicidade das famílias, mas a Prefeitura, sozinha, não consegue mantê-la semanalmente”, explicou.
Grupos de trabalho
Na reunião, também foi apresentado o site do Curitiba de Volta ao Centro, pelo secretário municipal de Comunicação Social, Marc Sousa.
A assessora especial do gabinete do prefeito e coordenadora da comissão, Tatiana Turra, apresentou os grupos de trabalho criados a partir das demandas dos representantes da Comissão manifestadas no primeiro encontro. Em paralelo aos trabalhos das reuniões bimensais, os grupos vão discutir e sugerir soluções para desafios específicos. Os grupos são:
- Habitação, moradia, diversidade de usos e valorização imobiliária;
- Inovação e Sustentabilidade;
- Patrimônio histórico – preservação e reutilização;
- Cultura, turismo e eventos;
- Lazer e bem-estar;
- Desenvolvimento econômico e incentivos;
- Segurança;
- Questões sociais – população em situação de rua e políticas de acolhimento;
- Requalificação urbana e infraestrutura.
Entre os participantes da 2ª Reunião da Comissão de Redesenvolvimento da Região Central de Curitiba, estiveram os deputados estaduais Márcia Huçulak e Fábio Oliveira; o presidente da Câmara Municipal de Curitiba, Tico Kuzma; secretários municipais; a administradora da Regional Matriz, Ariane Assis, e representantes dos setores de segurança, educação, economia, comércio.