Das 155 pessoas que atualmente integram o projeto Nova Morada, Vida Nova, 42 já estão com algum tipo de ocupação. A reinserção da população atendida no mercado de trabalho é um dos principais objetivos da iniciativa que oferece moradia temporária a pessoas em situação de vulnerabilidade social em três hotéis sociais coordenados pela Prefeitura, por meio da Secretaria de Defesa Social e Trânsito. Outro hotel social ofertado a quem precisa é coordenado pela Fundação de Ação Social (FAS).
Neste mês de prevenção ao uso de drogas - o Junho Branco - o Nova Morada ultrapassou a marca dos 2 mil atendimentos.
“Fazemos acompanhamento periódico e entrevistas detalhadas com todos os participantes do projeto, motivando as pessoas na busca de emprego para a retomada de autonomia”, explica o coordenador do Departamento de Política Sobre Drogas, Thiago Ferro.
Um dos casos recentes de superação é o de R.A.F., de 50 anos. Já foi radialista, mas não via opções de reinserção na sociedade. Foi incentivada pela equipe do projeto e, em pouco tempo, conseguiu emprego em uma ótica. Em breve, poderá alugar um espaço para morar sozinha.
Já M. S. S., de 62 anos, é costureira. Tinha um histórico de dependência química que a levou a ficar em situação de rua. Ao começar a frequentar um dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), fazia pequenos reparos e consertos por lá. Liberada do tratamento, foi atendida pelo Nova Morada e conseguiu um novo trabalho. Com o salário, já deixou o hotel social e hoje divide uma casa com amigas.
Na semana passada, M. S. S. foi até o Projeto Intervidas para agradecer e levou junto um rapaz que conheceu quando estava em situação de rua, indicando-o para a iniciativa que a fez mudar de vida.
Mudança de perspectiva
“Salvaram a minha vida” é a sentença de A. S., de 47 anos. Pouco antes da situação econômica se agravar com a pandemia de covid-19, ele ficou desempregado, mesmo tendo trabalhado em equipe de segurança de grandes empresas.
O desemprego foi um dos gatilhos que o fez cair em depressão. Perdeu o vínculo com a família, com amigos e passou para situação de rua. Foi atendido pelo Caps, a partir de onde foi encaminhado ao Nova Morada, Vida Nova. “Me sinto novamente parte da sociedade”, sintetiza ele, que continua o tratamento no Caps.
Desenvolvimento de habilidades
Quem ainda não conseguiu uma colocação busca se aperfeiçoar por meio dos cursos e capacitações indicados pela equipe que atende no projeto. É o caso de J.L.S, que participa do Nova Morada há cerca de seis meses, além de tratamento em um dos Caps.
Agora, J.L.S. está fazendo um curso de confeiteiro. “Era tudo pago, mas eu fui lá, expliquei minha situação e ganhei uma bolsa integral. É bom enriquecer mais um pouquinho o currículo”, reflete ele, que conta já ter trabalhado como subchefe de cozinha por cinco anos, além de ter sido gerente em uma rede de estacionamento.
Aos 61 anos, ele passa as noites no hotel e conta que quer recomeçar a vida. “Tenho bastante consciência que o causador dessa dificuldade toda fui eu. Às vezes eu consigo duas, três vezes na semana fazer um bico com trabalhos de jardinagem”, compartilha. Enquanto diariamente busca por um novo emprego, também tenta se reaproximar de uma irmã que, com a dependência química, acabou afastando.
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