Programas de segurança no trânsito com base na diminuição da velocidade máxima permitida em áreas urbanas vêm sendo adotados em muitos países nos últimos anos. Um levantamento divulgado pelo World Resources Institute (WRI) – uma organização de pesquisa na área de recursos naturais, presente em mais de 50 países – mostra que as medidas têm ajudado a diminuir o número de acidentes e de vítimas fatais nas ruas dessas cidades.
O documento abrange as experiências de Nova York, Zurique (Suíça), da França, Dinamarca, Noruega, Suécia e Austrália.
Em Nova York, o programa Meta Zero foi lançado no início de 2014, e tem como base um programa semelhante adotado na Suécia. O plano de ação tem 63 iniciativas, que incluem a redução do limite de velocidade na cidade para 40km/h, o redesenho de ruas e ações educativas. No primeiro ano de implantação, o número de pedestres mortos em acidentes de trânsito caiu 24% - de 182 (em 2013) para 138 (em 2014).
Outros programas voltados à segurança no trânsito implantados em Nova York contribuíram para diminuir a taxa de vítimas fatais em acidentes de trânsito a cada 100 mil habitantes nos últimos anos – eram 10 vítimas na década de 1970 e passou para 3,5 em 2008.
Com seu Meta Zero, a Suécia há anos estabilizou em três o número de vítimas fatais em acidentes de trânsito a cada 100 mil habitantes. A Dinamarca adotou velocidade máxima de 50km/h em áreas urbanas e a taxa de vítimas fatais em acidentes de trânsito a cada 100 mil habitantes passou de 22,6 em 1973 (número próximo ao do Brasil nos dias de hoje) para 3,1 em 2012.
Na França, a redução da velocidade máxima de 60km/h para 50km/h em área urbanas evitou 14 mil acidentes e a morte de 580 vítimas de trânsito nos primeiros dois anos de implantação da medida, nos anos 1990. A Noruega e Zurique, na Suíça, também adotaram a mesma redução (de 60 para 50km/h) – os noruegueses viram o número de acidentes fatais diminuir em 45%; já os suíços reduziram em 25% o número de pedestres mortos em acidentes de trânsito.
Na Austrália, foram realizados estudos que indicam que uma redução de velocidade máxima de 60km/h para 50km/h em áreas urbanas podem prevenir 2.900 acidentes com vítimas por ano no país.
O governo de Londres também implantou nos últimos anos o limite de 20 milhas por hora (32km/h) em ruas e avenidas estratégicas da cidade. Atualmente, as chamadas “20 mph zones” representam 25% de todas as vias da capital britânica, totalizando 280 quilômetros. Com isso, a cidade conseguiu atingir rapidamente a meta estabelecida para 2020, de reduzir em 40% o número de mortos e feridos graves em acidentes de trânsito em suas vias.
No Brasil, a cidade de São Paulo diminuiu recentemente os limites de velocidades nas marginais Tietê e Pinheiros – onde era 90km/h passou a ser 70km/h e onde era 70km/h passou a ser 50km/h –, dentro do Programa de Proteção à Vida, iniciado em 2013.
Os primeiros números levantados pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) apontam que, nas oito primeiras semanas após a implementação da medida (de 20 de julho a 13 de setembro), os acidentes com vítimas (mortos e feridos) nas marginais caíram 36% em relação ao mesmo período de 2014 – o número de ocorrências passou de 220 para 140. O programa paulistano já diminuiu a velocidade em 61 quilômetros de vias na cidade.