Curitiba quer se transformar em um polo de fintechs - startups de inovação tecnológica voltadas para o mercado financeiro. A ideia é aproveitar a tradição na área financeira e, por meio do ecossistema de inovação Vale do Pinhão, fazer com que a capital se firme como um celeiro de empresas do ramo, com a criação de incubadoras e aceleradoras.
O mercado das fintechs somou investimentos de R$ 515 milhões no Brasil em 2016, volume que deve chegar a R$ 1,06 bilhão em 2018. Atualmente, o setor movimenta R$ 10,8 bilhões por ano no País.
“Uma das ações do Vale do Pinhão para a cidade é desenvolver fortemente as startups de todas áreas. Fortalecer, desenvolver, conectar os vários atores desse mercado”, diz Cris Alessi, presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento.
De acordo com ela, a saída do banco HSBC do mercado de Curitiba deixou na capital uma mão de obra especializada, com conhecimento na área bancária e financeira. “Um dos objetivos é tornar Curitiba relevante para atender essa mão de obra, que está tentando se recolocar no mercado”, disse.
Consideradas a bola da vez do mercado de startups no País, as fintechs devem movimentar R$ 70 bilhões em dez anos no Brasil, de acordo com projeção do banco Goldman Sachs. O Brasil é considerado um dos setores mais promissores para o desenvolvimento de empresas financeiras.
Atualmente são 442 fintechs em operação no País, mas esse número deve crescer bastante nos próximos anos, dada a multiplicidade de operações possíveis por meio destas empresas, desde crédito, câmbio e seguro até bancos digitais, gestão financeira e negociação de dívidas.
Vocação
Um estudo elaborado pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) considera o setor uma das principais vocações da capital para os próximos anos. Curitiba tem 1.250 empresas financeiras, que empregam cerca de 19,3 mil pessoas. “É o que chamamos de setor terciário superior, com alto potencial de desenvolvimento nas próximas décadas”, diz Rodrigo Martins, diretor da Fiep na área de tecnologia e inovação e membro do conselho municipal de fomento da Prefeitura de Curitiba.
“A cidade é o terceiro maior polo financeiro do País, atrás de São Paulo e Rio de Janeiro. Daqui surgiram grandes bancos, como Badep, Banestado e Bamerindus”, lembra.
De acordo com Martins, a cidade tem uma estrutura robusta nessa área, com uma gama de serviços financeiros, como corretoras, fundos, empresas de gestão de patrimônios e holdings financeiras, “Isso criou um núcleo de tecnologia e mão de obra qualificada na área”, diz.
Uma das principais fintechs no País, o Ebanx, nasceu na capital e hoje vale, de acordo com informações de mercado, US$ 100 milhões. Fundada em 2012, a fintech conseguiu se estabelecer processando pagamentos de empresas estrangeiras atuantes no Brasil e em países da América Latina. Entre os clientes da Ebanx estão Alibaba, Airbnb, AliExpress, Sony e Spotify.
Em janeiro, a startup curitibana recebeu seu primeiro aporte do fundo norte-americano FTV Capital, no valor de US$ 30 milhões (R$ 95 milhões). O faturamento, que somou R$ 4,1 bilhões, deve chegar a R$ 6,5 bilhões em 2018.
“Não há dúvida de que esse mercado vai crescer. Até pelo que vem acontecendo fora do Brasil”, diz Martins. Empresas como Facebook, Amazon e Banco Mundial estão entrando nesse mercado.