A Prefeitura de Curitiba lança nesta sexta-feira (17/5), Dia Internacional do Combate a LGBTFobias, a campanha de comunicação Respeito Faz Acontecer.
A campanha reúne curitibanos que representam grupos sociais vítimas de preconceito e discriminação. Será divulgada no mobiliário urbano, nos ônibus e terminais da cidade e nas redes sociais da Prefeitura, com depoimentos dos participantes.
"A nova campanha fala de pessoas, direitos humanos, diversidade e de como tudo começa pelo respeito. Com personagens reais e suas histórias, mulheres, negros, pessoas com deficiência e pessoas da comunidade LGBT são representados em sua luta cotidiana pela equidade”, explica Allan Johan, assessor de Políticas para a Diversidade Sexual do Município.
As palavras orgulho, empoderamento, igualdade, diversidade, oportunidades iguais aceitação, inclusão e autoestima, estampam a campanha idealizada por Allan e a Secretaria da Comunicação Social da Prefeitura. Segundo ele, o objetivo é incentivar o respeito e empatia.
“A nossa gestão tem um olhar sensível para as pessoas, pensa nos direitos humanos e na promoção da igualdade racial, de gênero e dos diretos das pessoas com deficiência e da comunidade LGBT”, afirma Elenice Malzoni, assessora dos Direitos Humanos e Políticas para Mulheres.
Adegmar Silva (Candiero), assessor de Políticas da Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura, afirma que o respeito entre as pessoas e a informação são aliados contra o racismo.
Já Denise Moraes, coordenadora da Assessoria de Direitos da PcD, lembra que a acessibilidade atitudinal é a mais importante para as pessoas com deficiência. “É preciso tratá-los sem vitimismo e com educação, incluindo-os nas atividades do cotidiano”, explica Denise.
“Eu já sabia que era gay e fui muito bem acolhido pelos meus pais”
Alyson Miguel Harrad Reis, de 18 anos, é modelo, estudante e bailarino. Um jovem gay que foi adotado aos 10 anos de idade por um casal homoafetivo e ativista, Toni Reis e David Harrad, idealizadores da ONG Grupo Dignidade.
O casal entrou com o processo de adoção e esperou na fila da durante sete anos. Já Alyson, foi adotado aos 7 anos de idade por uma família, mas devolvido em uma semana. “Eu não me dava tão bem com o filho deles. Ele queria jogar bola e eu dançar”, brinca.
Para Alyson, ter sido adotado por um casal homoafetivo facilitou o processo de aceitação da própria sexualidade. “Eu já sabia que era gay e fui muito bem acolhido pelos meus pais”, explica.
Ele conta que a rotina e a vida em família não é diferente das outras. “Tenho horários e regras a cumprir. Estudo e danço. Meu sonho é ser bailarino profissional. Tenho uma vida plena e feliz”, conta o rapaz.
"Hoje respondo à altura qualquer preconceito mínimo que percebo"
Karin Oliveira, de 38 anos, é produtora musical e proprietária da KbloCrespo, marca de roupas com temática negra. Dona de um cabelo black power e muita atitude, ela conta que nem sempre foi assim.
“Tinha o cabelo muito curto quando era mais nova. Já sofri e sofro preconceito racial. Mas hoje respondo à altura qualquer preconceito mínimo que percebo, porque isso tem que acabar. Hoje tem leis e o racismo não pode passar batido”, afirma Karin.
Segundo Karin, a KbloCrespo veio para mostrar a beleza e a força da raça negra. Com imagens de artistas, cantores e figuras históricas, a marca quer que os consumidores se sintam representados e “que adquiram um look que escolheram e não o que foi imposto a eles”, afirma.
“Ser mulher trans é ser guerreira, enfrentar um leão todos os dias"
Melissa Souza, de 26 anos, é educadora social. Transexual, ou seja, foi designada homem ao nascer, mas se identifica como mulher. “Depois do tratamento hormonal, eu pude me sentir feminina por fora, como já me sentia por dentro”, explica.
Dona de uma personalidade carismática e bastante vaidosa, ela conta que sofreu muito preconceito. Já se prostituiu e enfrentou muitas dificuldades financeiras por falta de oportunidades.
Hoje, se dedica a orientar meninas transexuais que buscam o Grupo Dignidade. Também é conselheira Municipal e Estadual de Saúde e diretora financeira no Fórum ONG/AIDS redes e movimentos sociais do Paraná.
Casada, ela também participa de concursos de beleza LGBT. “Ser mulher trans é ser guerreira, enfrentar um leão todos os dias. Mas não é feio ou errado. É apenas ser diferente”, declara Melissa.
“Nunca tive problema em ser obesa, me achava sensacional”
Daniela do Rocio Alves, 39 anos, é modelo fotográfica plus size. Em 2015, com 120 kg, teve que fazer uma cirurgia bariátrica de emergência, devido a problemas de saúde no fígado. Do contrário, não teria realizado a cirurgia, sempre amou seu corpo. “Sempre me amei. Nunca tive problema em ser obesa, me achava sensacional”.
Em outubro de 2018, foi diagnosticada com esclerose múltipla - doença em que o sistema imunológico destrói a cobertura protetora dos nervos. Hoje faz acompanhamento médico. Sem se abater com o diagnóstico recebido, ela continua com o trabalho de modelo fotográfica. Além disso, produz vídeos para que outras mulheres conheçam sua história.
“Poder representar o orgulho me deixa muito emocionada”
Esconder quem realmente é por vergonha. A relações públicas, lésbica, Luísa Cat, passou anos com vergonha de mostrar quem é, e quem ama. “Por muito tempo vergonha foi a palavra da minha vida, então, hoje, poder representar o orgulho me deixa muito emocionada”.
Agora, aos 23 anos e com orgulho da sua orientação sexual, ela participa do Coletivo Cássia, de mulheres lésbicas e bissexuais. Por meio do coletivo, Luísa auxilia no acolhimento e empoderamento de mulheres que amam mulheres, em todas formas de amor.
"Todas as pessoas com deficiência têm capacidade de trabalho"
Proporcionar auxílio pessoas com deficiência é um passo importante para inclusão. A psicóloga Tassiane Valin, 24 anos, busca por meio da sua profissão empoderar pessoas com deficiência.
“Empoderar as pessoas para que elas percebam que podem fazer tudo da vida delas, podem procurar um emprego, ter sonhos, viajar”, explica Tassiane.
“É preciso tratar a seu colega com deficiência como trata qualquer outra pessoa. Todas as pessoas com deficiência também têm capacidade de boa produtividade no trabalho. O que elas precisam é de uma oportunidade”, explica a psicóloga.
Liberdade de expressão, autoestima e feminismo por meio da música
Carla Faria Del Valle, 40 anos, tem três filhos. Ela é publicitária, atuou por 20 anos na área Comunicação, mas hoje é uma das coordenadoras do Girls Rock Camp Curitiba, uma colônia de férias para meninas de 7 a 17 anos.
O objetivo do grupo é promover o desenvolvimento da autoconfiança, liberdade de expressão, autoestima e feminismo por meio da música.
Em uma semana as meninas que participam da colônia aprendem a tocar um instrumento, formam uma banda, compõe uma canção e apresentam um show. Além das práticas musicais, o grupo realiza atividades voltadas para o protagonismo feminino.
"Queremos, um dia, não precisar falar 'não é não' e que seja respeitado"
Danielle Duarte, 33 anos, é analista de sistemas e uma das integrantes do coletivo feminista Não é Não, que busca conscientizar e combater o assédio contra mulher.
Durante o carnaval o coletivo ficou conhecido com o lançamento da campanha “Não é Não!”, contra o assédio, com a distribuição de tatuagens provisórias.
O coletivo está presente em 11 estados e conta com a participação de 40 mulheres. Em 2018 durante o carnaval, o coletivo distribuiu cerca de 8 mil tatuagens.
“Nosso objetivo é que um dia o coletivo não precise existir, a gente não quer falar ‘não é não’ pro resto da vida. Queremos um dia não precisar falar isso e que seja respeitado”, afirma Danielle.