Curitiba divulgou nesta quinta-feira (17) mais um boletim de monitoramento das doenças transmitidas pelo mosquito. Entre os novos casos de zika na cidade, foi confirmado o primeiro caso em gestante. A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) reforça as orientações de cuidados com o mosquito Aedes aegypti às gestantes e reitera o alerta feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para que toda a população tome as devidas precauções para evitar a transmissão sexual do vírus zika.
O último informe de monitoramento da dengue, zika e chikungunya em Curitiba, traz 308 casos confirmados de dengue (307 importados e um autóctone), 36 episódios de zika (32 importados e quatro autóctones) e oito casos de chikungunya (todos importados). Em 2016, foram identificados no município 189 focos do mosquito transmissor.
O caso de zika em gestante refere-se a uma mulher que contraiu zika no segundo trimestre de gestação. A contaminação é autóctone, ocorrida no próprio município, e a paciente está sendo acompanhada e orientada por seu médico e pela equipe da SMS. “As ecografias já feitas não apresentam nenhum sinal de comprometimento fetal. A paciente e a família continuarão sendo acompanhadas ao longo da gestação e após o parto”, afirma o coordenador do Programa Mãe Curitibana / Rede Cegonha, Wagner Barbosa Dias. Para evitar maior exposição da gestante e mais tranquilidade à gestação da paciente, essas serão as únicas informações divulgadas sobre esse caso.
Transmissão sexual
A zika é uma doença assintomática para 80% dos casos e, por se tratar de uma descoberta recente, ainda há muitas incertezas acerca da transmissão e das complicações que ela pode trazer, inclusive em relação à microcefalia e à síndrome de Guillain-Barré. Seguindo as orientações provisórias da OMS diante da potencial transmissão do zika por via sexual, a SMS recomenda o uso correto e sistemático de preservativos masculinos e femininos e a redução do número de parceiros sexuais.
“A evolução da transmissão da doença em todo o país, as poucas comprovações científicas existentes e o surgimento de casos autóctones em Curitiba nos levam a reforçar o alerta. Além do combate ao mosquito, que deve ser constante e em toda a cidade, praticado pelo poder público e pela sociedade como um todo, é preciso que as pessoas também tomem outros cuidados enquanto não temos outras confirmações científicas em relação ao zika”, reforça o secretário municipal da Saúde, César Monte Serrat Titton.
Essas orientações estão sendo incorporadas aos alertas feitos pelas equipes de saúde a toda população. Além disso, como tem ocorrido, assim que um caso suspeito de dengue, zika ou chikungunya é identificado, equipes da SMS fazem o bloqueio da área em um raio de 300 metros a partir da residência do paciente – ação em que é feita inspeção do território delimitado para eliminar o mosquito e possíveis focos de proliferação do Aedes. Dessa forma, a possibilidade de o paciente com a doença ser picado por um mosquito e o vetor transmitir o vírus para outras pessoas é reduzida.
Perguntas e respostas
O caso de zika em gestante traz muitas dúvidas para quem está grávida ou pensando em engravidar. Confira algumas perguntas e respostas sobre o tema:
O que é a microcefalia?
Uma malformação congênita que pode trazer danos neurológicos e dificuldades funcionais permanentes. Os bebês nascem com perímetro cefálico menor que o normal.
Quais as causas da microcefalia?
A microcefalia pode resultar de vários fatores de diferentes origens, como uso de álcool, drogas e outras substâncias químicas; bactérias; vírus e/ou radiação.
Estou grávida e gostaria de saber se o uso de repelente pode causar algum risco para o bebê?
Os repelentes de uso tópico, aplicados na pele, podem fazer parte dos cuidados contra dengue, chikungunya e zika. A recomendação da Anvisa é clara: não há qualquer impedimento para a utilização desses produtos por mulheres grávidas desde que os repelentes estejam devidamente registrados na agência. As recomendações de uso descritas no rótulo de cada produto devem ser seguidas à risca.
Alguns cuidados devem ser observados no uso:
Repelentes devem ser aplicados nas áreas expostas do corpo e por cima da roupa;
A reaplicação deve ser realizada de acordo com indicação de cada fabricante;
Para aplicação da forma spray no rosto ou em crianças, o ideal é aplicar primeiro na mão e depois espalhar no corpo, lembrando sempre de lavar as mãos com água e sabão depois da aplicação.
Em caso de contato com os olhos, é importante lavar imediatamente a área com água corrente.
Em qual fase da gravidez os riscos são maiores em relação à microcefalia?
O cérebro do feto se desenvolve durante toda a gestação. No primeiro trimestre, os danos podem ser mais graves. Os cuidados devem ser mantidos ao longo de toda a gravidez.
O bebê corre algum risco se a mãe foi infectada por zika antes de ficar grávida?
Até o momento, não há comprovação científica sobre isso. O vírus circula no sangue da pessoa entre cinco e oito dias após o aparecimento dos sintomas.
Fui diagnosticada com zika. Posso amamentar?
Sim. Não há estudos que apontem a transmissão de dengue pelo leite materno ou outra secreção. A mulher pode continuar amamentando se não houver contra-indicação médica. Como não há evidência científica que demonstre a transmissão do vírus Zika pelo leite materno, o Ministério da Saúde recomenda que seja mantido o aleitamento materno contínuo até os dois anos ou mais, sendo exclusivo nos primeiros seis meses de vida. O aleitamento materno é a estratégia isolada que mais previne mortes infantis, além de promover a saúde física, mental e psíquica da criança e da mulher que amamenta. Da mesma forma, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos da América, também recomenda a manutenção da amamentação nesta situação.
Quais são os sintomas de quem pega zika? Onde procurar atendimento?
Febre, manchas vermelhas no corpo, dores nas articulações. Entretanto, grande parte dos casos é assintomática, ou seja, a pessoa infectada não apresenta nenhum sintoma. Diante de caso suspeito de zika, dengue ou chikungunya, o cidadão pode procurar atendimento em qualquer unidade básica de saúde, Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou unidade da rede privada, que também deve realizar os exames, inclusive teste rápido para dengue, de acordo com determinação da Agência Nacional de Saúde.